terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Calecute, Índia



"De um vôo pedido e obtido a Déli, nas últimas horas anteriores literalmente, alteraram-mo para Calecute... Lembram-se? Sim... Uma oportunidade para oferecer as fotos devidamente impressas ao tal senhor que ficou tão contente ao se ver nelas.


Pois bem! Estou a escrever-vos neste momento da piscina do hotel, onde um sol já meio tímido ainda insiste em bater no meu peito... A água ainda me convida mas não vou sem antes transcrever a minha demanda.

Fui à oficina onde foram tiradas as tais fotos... Estava uma jovem menina sozinha e perguntei-lhe se percebia inglês... Abanou a cabeça. Desta vez entendi o abanar: "Mais ou menos"! OK, já sei que isso significa que vai ser uma luta para nos entendermos. Perguntei-lhe então se conhecia o senhor da foto... "Sim", com um sorriso mas afirmou que não estava lá... Pedi então se poderia ver alguém dos outros dois que se encontravam lá nesse dia. Pois um estava e apesar de nao saber falar inglês, consegui perceber que o Sr. "Mistério" se encontra doente a cem quilómetros de distância e que é o encarregado de carregar o material.

E agora?... Como lhe posso enviar as fotos tendo ao mesmo a certeza que serão recebidas visto a comunicação ter algumas interferências?
O boss que está neste momento na igreja a rezar e que está sentado à patrão na secretária da oficina na foto e que me poderia ajudar nesta saga, chegará só por volta das 17 horas e até lá estarei eu aqui deitado na espreguiçadeira... Lá está: Copo meio cheio!

Mas espera... Que horas são agora? Vou ver! Hmmmmmmmm... Já vos conto o resto!



Pronto. Cá estou eu de volta à vedação quatro ou cinco estrelas vulgarmente denominada de hotel. Lá fora o sol até bate com mais intensidade!

"Olha, desculpa... Vais contar o resto? É que eu ainda tenho de ir ali tratar de umas cenas..."

OK! OK! Já viram o filme "Quem quer ser bilionário"? Lembram-se das crianças a caçar em matilha? Fui abordado no meio da rua por um grupo enorme de criancas e todas me queriam cumprimentar... Eu sei que estou numa cidade pequenina mas desta vez, depois de uns sorrisos começaram todas a pedir-me 10 rupees. Deixei de perceber então a genuidade dos sorrisos.
Mas cheguei à oficina! O boss ainda não tinha chegado e depois de conhecer melhor a Praseetha, a jovem menina atrás do balcão a ler a revista tipo a nossa Maria e a ouvir rádio no seu telemóvel e o senhor Feroz que de feroz não tinha nada, resolvi deixar a entrega para outro dia... E pelo que entendi, o senhor (que já encontrei o nome) Kunji virá (agora não percebi eu bem quando) na segunda, para a semana ou Maio. Mas numa mistura de sorrisos e de acenos de cabeça meus e abanar de pescoços deles lá nos despedimos e agradeci-lhes, ameaçando visitá-los na próxima vez que vier aqui...

Agora... Podem ir lá tratar das vossas cenas que eu vou ver ali a temperatura da piscina!"


in Calecute

domingo, 15 de janeiro de 2012

Roma, Itália

Ola, Bella Italia!


Foi como a primeira foto. Roma, uma macacada! Como alguém (1) dizia, uma estadia curta mas muito intensa... Chegar, a tradicional foto de boas-vindas à minha modesta caserna, trocar de roupa e arrancar! Desta vez sobrou uma equipa de Três Tristes Tigres que basicamente foi ao grande e colossal Coliseu de Roma e, por anoitecer tão cedo e a estadia ser curta, decidimos vaguear pelas ruas de Roma. Três que se fizeram um, a cantar a uma só voz por essas ruas estreitas e largas da cidade... Sem rumo, sem juízo, mas obtivémos largas críticas positivas no que toca à nossa voz! Principalmente em relação à minha imitação do Rei - Elvis Presley. Creio que se tivesse levado um chapéu, teria ganho o dia, conforme fazem aqueles vestido de gladiadores mas a fazerem figuras de palhaços para sacar dinheiro a turistas. E eu, como bom turista que sou tirei uma foto pois eles não me perguntaram se queria, simplesmente me puxaram para o cenário, para  a boca do lobo. Fui! Pediram-me 10€.

"Non che pasta... Escusa mile".


No fundo, já depois de nos apercebermos que não tínhamos já luz natural suficiente para poder ir a outros marcos históricos, deu para contemplar a mistura de cores entre o dourado do sol ao se esconder misturado com o dourado do Coliseu e as suas luzes que entretanto se vão acendendo... Uma fase em que o silêncio que vem de lá de dentro se torna ensurdecedor... Quase se ouvem os aplausos ao longe... O delírio intemporal... Os gladiadores!

Mas quando a fome aperta... Ou para quem me conhece, quando me dá a fome negra...
Estava com desejo de um risotto, mas não me contive ao olhar para uma loja de tanta coisa diferente, quentinha e italiana... Apetecia-me provar tudo mas decidi optar por uma espécie de base de pizza com queijo e, se bem me lembro, courgettes por cima... Fiquei com a ligeira sensação que escolhi a pior opção pela dureza do pão! Mas a fome lá foi assassinada, principalmente com o sorvete de côco e pistacho que me fez deliciar as papilas gustativas...


E foi assim, caminhar, andar, fotografar, comer, cantar, desfilar, regressar... Não necessariamente na mesma ordem!

Ciao, Bella Italia!


(1) - Não foram os tais cinco, sete minutos mas ainda assisti ao lusco-fusco



Nota do Autor: Há uma foto específica da qual não aceito comentários do género "Ah! Olha o pervertido a tirar fotos aos rabos das senhoras no metro...". Aceito, sim, esclarecimentos sobre aquela abertura naquelas calças. A primeira e até agora única conclusão a que cheguei foi que aquela peça de roupa serve estrategica e discretamente (?) para aliviar certas e determinadas pressões entretanto contraídas.

P.S.: Fui a Roma e vi o Papa! Está numa das fotos e era indiano... E mais não posso dizer!

domingo, 8 de janeiro de 2012

Calecute, Índia


E se começar por dizer que não consigo dizer muito deste destino? Não querendo dizer com isto que estou a fazer jus ao que me disseram sobre Calecute (cidade anteriormente conhecida como Calicut, sendo agora Kozhikode, embora em português se continue a chamar de Calecute), que não tem nada para ver e para fazer. É mentira! Se chegarem lá e abrirem bem os olhos e a mente, recebem tanto como eu recebi... É verdade! Não consigo descrever muito bem o que senti, por isso nada melhor do que as fotografias que tirei que gravaram momentos inesquecíveis sendo os que mais se destacaram a forma e admiração com que as crianças me olharam, querendo fazer parte de uma imagem para mais tarde recordar ou partilhar dos seus feitos e sorrisos, como um grupo a querer mostrar o seu artista a dar mortais à retaguarda na praia e de um senhor de alguma idade numa oficina de uma esquina que quando me viu de câmara em punho me fez sinal de querer que eu lhe tirasse uma foto. Acedi imediatamente à bondade do seu gesto... Tirei e mostrei-lhe... Ficou tão embevecido que sem conseguir mostrar em palavras o que sentiu olhou para cima e passou-me a mão na minha cabeça como se me estivesse a abençoar... Acredito que foi isso que me fez. Querendo eu retribuir, pois isto foi um presente também para mim, quis que fosse ele a ter a oportunidade de tirar uma fotografia a mim... Queria mostrar-lhe que ele também conseguia fazê-lo. Com a ajuda de vários intérpretes e de duas tentativas, conseguiu! E que sorriso me mostrou... Inesquecível! Da próxima vez que voltar vou-lhe oferecer o seu retrato.



Quanto ao trânsito... Só tenho a dizer que de cada vez que olhava para a estrada prometia a mim mesmo que não iria olhar outra vez! Para terem uma pequena ideia, de uma pequena estrada com dois sentidos conseguem fazer uma auto-estrada de quatro e cinco faixas... Não me perguntem como!


Praia... Corvos no lugar de gaivotas, crianças a pular e a segurar gaivotas de papel... Famílias a passear... Dromedários, cavalos e árvores fortes e saudáveis no meio da areia e outras que para crescer têm que estar fechadas numa jaula... Cenário único!


P.S.: Claro que em pouco tempo de estadia e sem piscina a funcionar num calor abrasador e com esgotos a céu aberto a serem descarregados directamente na praia, não há assim tantas opções de fuga... Mas há sempre um copo meio cheio no lugar de um meio vazio!